segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os olhos sem Rosto


Titulo original: Les Yeux Sans Visage
Ano de Lançamento: 1959
Gênero: Horror
País: França/Itália
Direção: Georges Franju
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0053459/




Um famoso cirurgião sofre um acidente de carro com sua filha, o acidente deixou o rosto da filha desfigurado, o que fez o médico lançar-se num projeto para desenvolver uma nova forma de transplante facial a partir de uma doadora viva, fato que o levava a matar jovens mulheres para roubar-lhes os rostos. A técnica funcionou na sua assistente, mas o corpo da filha rejeita sucessivamente os novos rostos implantados, causando uma série infindável de crimes que logo chamam a atenção da polícia, dando início às investigações. 


A assistente Louise (Alida Valli) é um personagem intrigante: serva fiel por eterna gratidão ao Dr. Génessier (Pierre Brasseur), ela sai as ruas em busca de mulheres bonitas, numa procura que de certa forma, apresenta conotações homossexuais. Em casa, nutre um amor materno por Christiane (Edith Scob), talvez por ter vivido do mesmo mal, de não ter uma face, de ter que esconder-se por uma máscara sem vida e sem expressões. O Dr. por sua vez é um médico respeitado no trabalho, mas em casa, mostra seu lado sombrio, esfolando cobaias humanas e animais indefesos em prol de sua filha Christiane. 
O filme mescla características do surrealismo alemão, dos filmes Noir da época e da Nouvelle Vague francesa. É  um clássico do cinema de horror dos anos 60, que fez muito sucesso, principalmente pelos apelos de marketing sensacionalistas nos EUA, que venderam o filme como um simples slasher, com um médico louco, decapitações e mortes brutais. Era de se esperar de um filme do idealizador do curta "Sangue das Bestas" - (entre imagens das ruas pobres de Paris, existem matadouros, onde bovinos e caprinos são mortos e cortados. É narrada a difícil vida dos trabalhadores e o processo de corte para cada animal, em meio a imagens reais e assustadoras da realidade narrada). Contudo, o filme tem pouco a ver com o curta, em vez de seco, rispido e ultra realista, mas não menos chocante, Franju constroi uma trama gradativa da mudança psicológica da jovem Christiane. 
O reflexo da Nouvelle Vague francesa é marcante com as cenas de Christiane andando solitária pela casa, com a mascara branca, como um fantasma perdido nos confins da alma, sonhando com suicidio. Ela é heroina e monstro ao mesmo tempo. Seu desejo de voltar a ser bela e reencontar seu noivo entra em conflito com o sacrificio das belas jovens esfoladas pelo seu próprio pai. Esse conflito é que define o destino dos personagens, culminando em cenas finais que homenageiam elementos do surrealismo, muito presentes no cinema de Bunuel, mas, que no filme, são apenas jogados num arroubo de demagogia, representados pela libertação das pombas, demonstrando a paz que Christiane finalmente encontrou e, a libertação dos cães que se vingam do médico, demonstrando a simbologia fatalista do oprimido e do opressor. Christiane é ambigua, assim como seus atos e o simbolismo que a rodeia.



É  notável que uma história tão visionária, que só ganhou destaque internacional com o lançamento do dvd da Criterion Collection em 2004, tenha sido adaptado por um cineasta tão conservador. Franju era avesso ao Technicolor, dizia que o filme a cores perdia sensibilidade. Talvez fosse avesso à mudanças em geral, transcreveu certos modelos já consagrados, mas sempre com alta qualidade técnica. Logo na primeira cena, temos a certeza de se tratar de um filme com uma estética impecável. Franju fazia o que sabia fazer bem feito e sabia defender seu ponto de vista, com ar de intelectual, com argumentos claros - preto no branco - suas cores preferidas. 

Servidor: Torrent P2P
Formato: AVI (700 megas)
Áudio: Francês
Legendas: Português

http://hotfile.com/dl/64616731/599f494/OLHOS_SEM_ROSTO_BY_MGT.rar.html

O Segredo dos Seus Olhos


Titulo original: El Secreto de Sus Ojos
Ano de Lançamento: 2010
Gênero: Drama
País: Argentina/Espanha
Direção: Juan Jose Campanella

Após trabalhar a vida toda num tribunal penal, Benjamín Espósito (Ricardo Darín) se aposenta. Seu tempo livre o permite realizar um sonho longamente postergado: escrever um livro baseado em um acontecimento que vivera anos antes. Por 25 anos um terrivel crime ficou na memória de Espósito. Passado tanto tempo, o ócio da aposentadoria e os arrependimentos do que ele não fez no passado vem a tona.

Vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2010, desbancando inclusive o excelente "A Fita Branca" de Michael Haneke. Campanella mostra a cara do cinema argentino em grande estilo. Com uma bela história de investigação, e com doses inteligentes de humor, em sua maioria vindos do personagem Sandoval (Pablo Rago), o fiel escudeiro alcoolatra de Espósito. Eles se negam a aceitar que dois inocentes fossem presos injustamente pela morte da jovem Liliana Colotto e por isso partem em busca da verdade para encontrar o verdadeiro assassino, mesmo desafiando seus superiores e sem nenhuma experiência investigativa. Eles contam com o apoio contido,  pelo menos no início de sua superiora direta Irene Hastings (Soledad Villamil) por quem Espósito nutre grande paixão, e é reciproca. Ela ajuda a dupla reabrindo o caso de Liliana e identificando o verdadeiro assassino.


O roteiro é recheado de ligações do presente com o passado. O acaso se torna peça fundamental da investigação, principalmente quando Espósito analisa as fotos antigas de Morales, ou quando o companheiro de copo de Sandoval decifra os enigmas das cartas; os olhos não mentem e não conseguem esconder seus desejos. As experiências emocionais são levadas ao extremo com o amor proibido entre Irene e Espósito, com o humor constante e despreocupado e com o desejo de vingança do viúvo da jovem assassinada. A camera é eficiente nos momentos cruciais do filme, como na instigante cena do jogo de futebol e a emocionante cena da despedida no trêm. O roteiro ainda conta com a brilhante idéia da paixão. Na voz de Sandoval, o belo discurso é proferido, sobre a força que motiva, que dá coragem, que mantém a essência de cada um; é possivel mudar de cidade, de namorada, de religião, mas não é possivel mudar de paixão!
Campanella consegue agradar a todos, com um final que explora o lado emocional em todos os sentidos e gêneros, sem que para isso caia em clichês baratos sobre justiça. A vingança, o romance e a comédia caminham em harmonia, entre o passado e o presente, numa conexão sublime e irretocável. Irretocável é o que caracteriza o filme.



Servidor: Megaupload
Formato: AVI (916 megas)
Áudio: Espanhol
Legendas: Português http://www.megaupload.com/?d=Q0H4OAKZ

http://www.megaupload.com/?d=71L9C3XW

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Desconhecida


Titulo original: La Sconosciuta
Ano de Lançamento: 2006
Gênero: Drama, suspense.
País: Itália/França
Direção: Giuseppe Tornatore
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0494271/

A desconhecida é Irena. Ela mudou-se da Ucrânia para a Itália para fugir dos fantasmas do passado, onde outrora fora submetida a brutalidades e humilhações de um homem inescrupuloso. Apenas permanece como boa lembrança um melancólico amor perdido. Irena mantém seu orgulho natural, sua capacidade de se rebelar e seu senso de justiça. A intenção dela é se aproximar a todo custo de uma familia que mora do outro lado da rua, os Adachers. Nada impedirá Irena de trabalhar naquela casa, mas essa obsessão só é explicada aos poucos. 

Os primeiros 20 minutos são mais corridos que "Corra Lola Corra" inteiro. Flashes do passado, o emprego de faxineira numa escadaria, um testemunho de assassinato e os primeiros contatos com a familia Adachaers. Após esse turbilhão de informações, que causam uma certa enxaqueca, mas servem para prender a atenção do público, inicia-se um drama psicológico entre Irena e a flha do casal Adachers. Irena investe em um treinamento para curar a filha do casal, que sofre de um mal incomum: ela se machuca muito pois não consegue se segurar ao cair, por isso tem problemas na escola e é motivo de chacota para os colegas. O público se vê dividido e apreensivo por Irena, um anti-heroina com métodos nada ortodoxos para promover disciplina ou uma vilã amargurada e assombrada pelo passado sombrio? As respostas aos mistérios são dadas com a materialização dos fantasmas do passado. 
O roteiro não é muito criativo e, por vezes burocrático, mas facilita o grande trabalho que foi editar um filme cheio de narrativas não lineares. Vê-se que Giuseppe Tornatore continua afinado, ainda sabe construir bons dramas saudosistas como fazia no passado (Cinema Paradiso) e em A Desconhecida foge um pouco do seu estilo e nos apresenta um thriller instigante e uma protagonista mais humana, que revela suas fraquezas e seu lado mais subversivo.



Servidor: Torrent P2P - http://btjunkie.org/torrent/La-Sconosciuta-2007-iTALiAN-AC3-5-1-DVDRip-XviD-FiRE-AVI-http-newscine-helloweb-eu/37967711b4e2fb0e1c0cc1f8443a363358f34118e35f
Formato: AVI (1,36 gigas)
Áudio: Italiano
Legendas: Português: http://vagalumerosa.wordpress.com/2008/07/13/a-desconhecida-la-sconosciuta-2006/


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Excitação


Titulo original: Excitação
Ano de Lançamento: 1976
Gênero:
País: Brasil
Direção: Jean Garret
IMDB: http://www.imdb.com/name/nm0360922/

É um filme brasileiro da segunda metade dos anos 70, tem cenas de nudez, de sexo e, o mais importante, tem Zilda Mayo, mas, não é pornochanchada. O filme conta a história de Helena, esposa de Renato que comprara um casa a beira mar com o propósito de ajudar a esposa, que sofria de crises nervosas e alucinações. Helena descobre que Paulo, marido de sua vizinha Arlete e antigo proprietário da casa, havia se enforcado ali, ela compreende que não sofre de alucinações, pois uma de suas visões era justamente a de um homem balançando na ponta de uma corda. Arlete torna-se amiga de Helena e amante de Renato. Renato, que é engenheiro e materialista, não acredita em manifestações sobrenaturais e quer internar a esposa. Ainda tem Lu, prima de Arlete, que está no filme apenas para ficar nua em algumas cenas e ser mais uma amante de Renato. 

É  com essa sinopse confusa, que mais parece trama de novela que se encontra um bom filme de terror nacional, que apesar de ter qualidades, não conseguiu fugir a tendência nacional do cinema brasileiro da época. As cenas de nudez e os encontros amorosos pouco importam no filme e, revelam uma fraqueza nacional de se incluir a todo custo cenas calientes, no sentido mais brega possivel. Nesse sentido, Glauber Rocha tinha independência no cinema nacional, pena que fosse chato, diferente de Jean Garret, realizador de Excitação, que por sinal, tem um titulo nada a ver com o filme. No entanto, Garret joga boa parte das medidas apelativas para atrair o público em cenas desnecessárias, que se forem excluidas, dão um ar de seriedade e comprometimento com a verdadeira trama do filme, que é focado no mistério que ronda o inconsciente de Helena. Com uma boa dose de referências, incluindo a manteneção do mistério até o climax da revelação final, próprio de Hitchock e, indo mais a fundo, incluindo o mar como metáfora para abordar a solidão e a tristeza, próprios de Antonioni, Garret consegue traduzir em esboço de grande obra sua realização, com uma camera quase com bons angulos, e uma fotografia amadora, mas com grande potencial. 
Assistindo Excitação, percebo que nosso cinema se estagnou com a pornochanchada e, que se Garret tivesse pelo menos um terço do conhecimento de Glauber Rocha no que tange a parte técnica e uma certa dose de coragem e apoio para não incluir apelos sexuais desnecessários, poderia ter nos presenteado com uma grande pérola do cinema nacional. Da mesma forma, se Glauber não se fechasse a uma ideologia baseada em modelos que beiram os primordios do cinema mundial (sem denegrir a importância histórica) e não fosse obcecado pela busca incessante da identidade do cinema nacional, poderia ter lapidado obras como Excitação. 
Minhas esperanças parecem se manter, haja visto que ainda dou chances a filmes brasileiros de uma época em que a cultura do erotismo reinava no cinema nacional. Mas, a única conclusão a que chego, é que o corajoso Glauber Rocha não era um cara chato e, sim um péssimo estrategista, não por excluir o erotismo e, sim por não compor elementos do cinema estrangeiro já consolidados. Muito se fala sobre identidade, porém se a identidade do cinema brasileiro se baseava em modelos antigos e ultrapassados, prefiro as pornochanchadas, que pelo menos causam excitação, seja pelo erótismo ou pelo potencial de ser grande obra.



Servidor: Megaupload
Formato: AVI (690 megas)
Áudio: Português
Legendas: S/ legendas

http://www.megaupload.com/?d=5NLDZFB1

Fonte: Supersônico a Carvão: http://supercarvao.blogspot.com/2010/09/excitacao.html