Titulo original: La Fille Sur Le Pont
Ano de Lançamento: 1999
Gênero: Drama
País: França
Direção: Patrice Leconte
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0144201/
À noite, numa ponte parisiense, uma jovem chamada Adèle (Vanessa Paradis) se debruça sobre o Rio Sena decidida a por fim a sua vida, porém a voz de um homem a detém. É Gabor (Daniel Auteiul), um atirador de facas que está procurando alguém para lhe servir de alvo em suas performances pela Europa.
Uma bela jovem de olhar perdido lamenta seus 21, quase 22 anos de azar. O que ela diz em cinco minutos resume seus desejos nunca concretizados, suas repetitivas enganações com o amor e sua incapacidade de dizer não. A vida da garota é decidida pelo amor, ou seria pelo sexo? Por atos de coragem justificados com simplicidade e inocência. Adèle nunca foi feliz, nem verdadeiramente infeliz, só se é infeliz quando se perde algo, ela nunca teve nada para perder, além de má sorte. O suicido é o caminho mais rápido para quem vê o seu futuro como uma sala de espera. Gabor é uma incógnita até certa parte do filme. De aproveitador barato que busca suas assistentes de palco em pontes revela ter mais em comum com Adèle do que propunha. Os dois fazem um par perfeito, não com sexo, nem com relação familiar, mas com uma prática relação de necessidade mútua, necessidade de medo e prazer. É gradativo, poético e bem construído a relação entre os dois, como eles se parecem cada vez mais, com frases de efeito que abordam o o acaso, o risco, o sentido da vida, o pessimismo "será que você não podia sorrir de vez em quando" e, o continuo questionamento sobre a sorte, de quando ela ainda iria durar e o porque (é possível perceber a abordagem da sorte como um aspecto motivacional, como quando Gabor engana Adèle no elevador ou quando pede para ela escolher o pingente).
"Estava escuro e não se sabe bem quem salvou quem". Gabor e Adèle nutrem a gratidão entre si e também uma atração misteriosa. Gabor insiste em não envolver sexo: "nunca perguntei que lado da cama você preferia", ele não se compara aos amantes de Adèle. A relação deles é tão intensa que a todo momento a harmônia pode ser quebrada, como a sorte que vai embora sem se despedir. A iminência do fim repentino consome o espectador, concretizando-se num final óbvio, porém acalentador, coerente com a construção minuciosa do roteiro.
O que poderia ser interpretado como incongruência no filme, na verdade faz parte de um clima nonsense e de uma visão onirica da relação entre Gabor e Adèle. A sorte dos dois é uma distorção da realidade, é a liberdade de construção da arte e os infinitos caminhos em que ela pode se enveredar. Isso é suficiente para explicar a conexão telepática entre os dois. O monólogo inicial de Adèle é acima de tudo, um dialógo de Adèle para Adèle. A fuga incessante da realidade aproxima o espectador dos personagens e é base para a genial criação de dois personagens que se completam. As cenas emblemáticas como a da conversa no trem, a da mágica com a nota rasgada e todas as cenas das apresentações traduzem uma beleza rara como a beleza de Vanessa Paradis e seus charmosos dentes desencontrados. A trilha sonora e a fotografia preto e branco são um show a parte desse conto de fadas moderno.
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adorei, adorei, adorei
ResponderExcluirPoderia atualizar essa postagem e colocar um servidor válido?Agradeço.
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