domingo, 11 de julho de 2010

Um Homem Sério


Titulo original: A Serious Man
Ano de Lançamento: 2010
Gênero: Comédia
País: EUA
Direção: Joel e Ethan Coen


O que você faz quando está na pior? Quando toda sua vida desmorona? Quando sua vida comodamente fácil de se viver dá uma reviravolta? Larry é casado, professor de física, religioso, tem dois filhos adolescentes, é honesto e caridoso. Porém a sua vida é tomada por problemas comuns e clichês, como o irmão problemático, a filha adolescente que só pensa na plástica do nariz, o casamento morno e, o filho adolescente experimentando drogas e rock n' roll... Toda essa falsa cúpula com personagens estereotipados se chama: familia. Quando o maior problema de Larry deixa de ser o fato de o vizinho cortar sua grama, ele começa a questionar e contestar. Ele acredita que Hashem tem as respostas. O filme se desenvolve a partir das visitas de Larry aos rabinos e a visita de seu filho com o terceiro rabino: Rashak. O filme trata sobre o sentido da vida, na visão de um homem comum, fechado no seu mundo judeu, álias, essa é a crítica que demonstra o refinamento estético que os Irmãos Coen conseguem traduzir em seus personagens, com os não judeus (góis) com características exacerbadas como o vizinho bad guy, a vizinha liberal e gostosa, o advogado bossal que adora pescar e os coreanos com sotaque puxado. O filme é complicado a medida que apresenta discursos da falta de respostas. Essa frustração de Larry se confunde com a do espectador, mas, com a mistura de noticias boas e ruins é possível entender a continuidade da vida e aceita-la sabendo manter o equilíbrio entre as questões e a simplicidade. 

Atenção para as cenas onde Larry está chapado com a vizinha, os Coen conseguem transcrever exatamente como o professor se sente: perdido e incomodado, além de fazer alusão aos efeitos sensoriais que a maconha causa. Os sonhos de Larry são um pouco desnecessários, porém corroboram seus medos, angústias e desejos. A questão da fuga é tratada com naturalidade, são os pontos altos de humor do filme, através da maconha, o bar mitzvah do garoto é impagavel e, no caso do irmão do Larry, com mais exagero, como jogos, o mentaculus e as horas no banheiro para sugar o cisto (o que é sodomia mesmo?). A preocupação com a recriação dos anos 1960 foi minuciosa, principalmente nos figurinos e, também na vizinhança de Larry, além dos carros da época. Os vários elementos da cultura judaica se mesclaram com idéias próprias dos Coen, talvez uma característica essencial para extrair o humor, que não foi mal interpretado pelos judeus. Detalhe para um símbolo tarantinesco: a criação de marcas e ligações com outros filmes. A Tuchman Marsch, a empresa ficticia de Advocacia de Queime Depois de Ler é citada no filme no primeiro diálogo do advogado com o professor. 

Se os pontos altos de humor do filme são os momentos de Larry e filho chapados, juntamente com a chatice hilariante de Say Ableman (vamos contar até 10), os pontos cruciais para entender o filme são o prólogo e as visitas aos rabinos: 

Prólogo: o conto iidiche mostra a dualidade e a subjetividade de opiniões. Para a  mulher, a saída do velho é uma prova que ele é um Dybbuk, para o homem, é a prova de que ele é um homem ferido. Esse subjetivismo e a dúvida da fé são constantes e permeiam todo o filme.

1° Rabino: só em ver a cara de Howard Holowitz já é motivo de riso. Enfim, o primeiro rabino fala sobre percepção, fala sobre perceber e enxergar as coisas de outro jeito, "olhe o estacionamento". O diálogo é estranho, mas Larry explica-o em dois momentos subseqüentes: na conversa com o advogado: "é uma boa oportunidade para parar e pensar em tudo e ver o mundo de outra forma, em vez de me ater ao jeito rotineiro e cansativo de enxergar as coisas", e no momento Woodstock com a vizinha exoticamente gostosa ou gostosamente exótica, quando ele associa o discurso do primeiro rabino com a "mera suposta ação". 

2° Rabino: A fábula do dentista é incrível, o rabino narra uma história empolgante, mas cheia de furos, cheias de questões em aberto. Larry demonstra seu estresse e sua ansia de respostas. O rabino é sútil e neutro e não tenta convencer Larry de nada, só espera que ele entenda que Hashem não prometeu dar respostas.

3° Rabino: o filho de Larry é recebido por Marshak, o mais sábio. É  aquele que reflete a citação de Rashi - receba com simplicidade tudo que acontece com você. Ele só diz ao menino para ser um bom garoto  e, mostra sua capacidade de eterno aprendizado, citando os integrantes do Jefferson Airplane como os detentores da verdade.

Os Coen conseguem mais uma vez unir uma história simples, com temas complexos e com um humor negro refinado, adquirido em Onde os Fracos Não Tem Vez e repetido em Um Homem Sério. Muitos criticam a reincidência dos Coen com tais características. Eu chamo isso de aperfeiçoamento, é um estilo adquirido pelos Coen, algo que poucos conseguem expressar em suas obras. O trabalho do Woody Allen é um bom exemplo de aperfeiçoamento de estilo. Os finais repentinos e a confusão que os filmes dos Coen trazem a mente, são presentes para os espectadores exercitarem o pensamento. O tornado é a soberania da natureza ou um castigo de Deus? A bandeira vai sair do mastro, mas virá outra ocupar seu lugar. Vale sua perspectiva. Pouco importa ter todas as respostas. Esse diálogo é contínuo e sempre existirá. Aceite o mistério.

Toma partido da Nova Liberdade?

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Formato: RMVB (345 megas)
Áudio: Inglês
Legendas: Português

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Receive with simplicity everything that happens to you (Rashi). 

3 comentários:

  1. A-D-O-R-E-I
    a análise dos rabinos está perfeita. só aacho q vc tem botar umas imagens mais vistosas aqui
    bjs

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  2. Cara, já vi o filme. Muito massa. A resenha é sua? Foda.

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  3. é minha sim, enchi de spoiler e escrevi bastante justamente pra tentar entender o que eu tava pensando sobre o filme.

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