Titulo original: Sex, Lies and Video tape
Ano de Lançamento: 1989
País: EUA
Direção: Steven Soderbergh
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0098724/
A única coisa datada neste filme talvez seja o titulo, um simples detalhe já que estamos na era dos dvds. O mais importante é que o titulo define bem quem é o agente catalisador de uma trama densa sobre hipocrisia, repressão sexual, puritanismo e crises familiares.
Ann Mullany (Andie MacDowell) não se sente mais à vontade ao ser tocada pelo marido, John (Peter Gallagher). Ele mantém um caso secreto com Cynthia (Laura San Giacomo), sua amalucada cunhada. O marasmo desse triângulo amoroso é abalado com a chegada de Graham (James Spader), um amigo de infância de John que se aproxima de Ann e lhe confidencia sua estranha condição.
Graham, um cara misterioso, com olhares distantes, obcecado pela verdade e sexualmente perverso, chega após 9 anos para evidenciar tudo que foi reprimido pelo triângulo amoroso bem familiar. Ele parece louco e cheio de problemas, mas invariavelmente é normal ao lado de Ann - a mulher que não tem orgasmos. Cynthia é sua irmã e parece que sugou todo o apetite sexual de Ann para gastar com o marido da irmã, o John, um cara normal, que trabalha num escritório e trai sua bela esposa.
É com esses quatro personagens e meia dúzia de cenários que Steven Soderbergh cria uma narrativa madura, abordando o sexo de forma desconcertante e agressiva, o silêncio e a verdade chegam a ser desagradáveis, porém engraçados e narcotizantes. A mentira, pertencente a segunda classe mais baixa dos seres humanos (a primeira é dos advogados), é desafiada com a dura ilusão para não encarar a realidade. O vídeo é o instrumento que caracteriza a estranheza sexual de John, seus pensamentos, suas ideologias e suas incapacidades.
Quanto menos chaves você possui, mais liberdade tem, mas ninguém está livre do aprisionamento. O clima claustrofobico é tão comum: a mesma porta aberta, o mesmo chá gelado, e tudo que ele precisa é por a fita e ligar a câmera.
É uma grande surpresa ver Andie Macdowell em ação, confesso que só lembro dela por causa de uma propaganda de sabonete, sabe, aquela com dublagem por cima da voz original. Já James Spader, me pergunto o que aconteceu com ele, a atuação dele aqui foi até melhor do que em "Lobo", mas nunca mais ouvi falar dele e sem saber o motivo não tenho vontade de pesquisar.
É uma outra grande surpresa ver que Steven Soderbergh seja o realizador de uma obra tão importante para o cinema independente. Foi sua obra de estréia, que recebeu a Palma de Ouro em Cannes. É um exemplar digno de filmes com baixo orçamento e grande qualidade. Se Steven Soderbergh deve ser lembrado, não seria por Erin Brockovich, Traffic ou Ocean's eleven, e sim por esse filme. Mesmo assim, só dei chance a esse filme por causa dele, desconhecia a importância da obra como alavanca para o cinema independente dos anos 80. Ele é um cara que a vinte anos atrás fez muito com pouco, e hoje poderia fazer muito mais com muito. Será que ele perdeu o jeito ou esqueceu de onde veio? Só não tenho essa certeza por causa de Ocean's eleven (que eu já vi mais de dez vezes).
Formato: RMVB (333 megas)
Áudio: Inglês
Legendas: Português
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